JOÃO GOMES DE LIRA, PARA MIM IMORTAL
COMPLETOU 100 ANOS DE NASCIMENTO NESSE
03 DE JULHO DE 2013.
Entre
tantos cidadãos que conheci João Gomes
de Lira tornou-se o mais especial.
Suas
inúmeras qualidades atraiam: era sincero, amistoso, alegre, jovial, bom
ouvinte, apaziguador, respeitador, apaixonado, correto, inteligente, amigo,
leal, observador, ponderado, decidido... eram tantos atributos que se tornou
meu ídolo e não me canso de dizer.
Foram
35 anos de convivência com meu amigo do peito, muitos dias de conversas alegres,
confidências, carinho sincero e sobretudo de escuta dos seus relatos
emocionados sobre seu tema preferido: Lampião.
Quanta
sabedoria!
Jamais
vou esquecer seu amor pelos netos, bisnetos, pela família, enfim não vou
esquecer sua voz cantando e alegrando a casa tão grande em Nazaré.
Cada
dia que compartilhamos fez-me crer que o amor que seus netos e bisnetos lhe
dedicaram foi merecido porque nosso amado se derretia ao vê-los chegarem e mais
feliz ficava com o barulho de tantos ao mesmo tempo e isso me encantava ao
vê-lo com noventa e tantos anos feliz com toda essa balbúrdia.
Seu
João apreciava viver e, principalmente, interagir. Jamais vi esse homem
isolar-se dos grupos familiares ou de amigos o que é normal nos idosos. Ele
gostava da vida, era ativo, conversava, gostava de música, dava boas risadas,
apreciava barulhos e sabia dar sábias opiniões.
Sempre
que me lembro de momentos importantes com ele, revejo minha filha Karyny, sua
neta, novinha, deitada numa rede, os olhinhos vivos e atenta ao que ouvia. Era
pai João cantando e gravando o dia todo suas músicas preferidas, entre elas
Ninon e o mais impressionante era a preferida de Karyny também, era tanto o
gosto dela por essa música que se a gente falasse ela dizia logo: cuta, cuta,
Ninon... O que fazia seu João enchê-la de mimos e dar muitas gargalhadas,
imitando sua fala.
São
passagens inesquecíveis.
Outra
recordação muito forte é do dia que eu comuniquei a decisão de ser ele e dona
Gisélia os padrinhos do meu filho Nuno (seu neto), vi lágrimas nos seus olhos e
sei que era de alegria e emoção.
Entre
nós existia uma cumplicidade muito grande, muita confiança e respeito.
Todas
as suas decisões eu conheci e tudo que lhe envolvesse eu compartilhava, por sua
vontade.
Ele
amava e respeitava suas noras, não sei de nenhuma que não lhe amasse.
Quando
a gente pensava que não havia mais espaço para tanto amor, eis que chegam novos
inquilinos para seu coração e tudo foi redobrado porque dava gosto de ver a
relação desse menino grande com seus
bisnetos.
Ah!
Que festa todos juntos!
Para
não deixar passar os bons momentos, lembrei-me do dia da abertura da festa de
Nossa Senhora da Saúde de 2011, sua última festa, levei para Nazaré seu grande
amigo Pe. Luizinho, Manoelzinho sanfoneiro, Adelma Raquel, a quem ele queria
muito bem, e João Rafael seu bisneto. Após a missa ficamos no terraço e Pe.
Luizinho começou a cantar. Como seu João gostava de ouvi-lo! Depois, João
Rafael que estava iniciando a tocar sanfona, tocou e ele por várias vezes se
emocionou e as lágrimas caíram.
São
tantas lembranças boas que vêm a mente nesse dia que se vivo estaria
comemorando seus 100 anos, que não me contive, senti vontade de compartilhar
porque sei que por esse mundo a fora está muita gente que o conheceu e, como
eu, sente saudades desse grande homem.
Sempre
fico falando a meus filhos, meus netos, a grande contribuição que esse avô deles
deu a Carnaíba, principalmente, quando vereador, pela seriedade, honestidade e
responsabilidade com que desempenhou seu mandato. A Câmara deve sua liberdade e organização a
ele. Outro marco importante foi o retorno de Zedantas a Carnaíba, através do busto que ele pós em praça pública,
lembrando aos carnaibanos a existência desse ilustre poeta. Lembro de sua luta
com um livro de ouro, visitando pessoas, autoridades e pedindo sem nenhuma
cerimônia ajuda financeira para devolver o carnaibano Zedantas a sua terra. Vi
sua alegria ao receber a família de Zedantas, Luiz Gonzaga, Deputados, toda
região do Pajeú, Moxotó, Ipanema, outros Sertões, naquele dia 14 de Outubro de
1978, mesmo sem ser filho de Carnaíba demonstrar um amor que nem todo filho
nascido na terra sente.
Seu João,
com seu gesto, inspirou-nos a dar continuidade a essa homenagem.
Pois
é, falei tanto... talvez o que senti nesses dois anos de ausência material eu
desabafei um pouco.
Continuo
chorando sua ausência e com certeza nunca vou esquecer esse homem que não foi
apenas meu sogro, mas um amigo que
me quis como filha e eu abracei como PAI.
João
Gomes de Lira deu exemplo de união a sua família, aos amigos, portanto merece
todas as homenagens e respeito de seus filhos, netos, parentes, enfim, não devemos
esquecer sua contribuição nessa vida, que foi muito valiosa em todos os lugares
onde trabalhou e residiu.
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